Será que as pessoas cansaram dos super-heróis?
Me lembro vividamente da empolgação quando fui assistir o primeiro filme dos X-Men no cinema, o ano era 2000, eu estava no primeiro ano do ensino médio e a possiblidade de ver um filme dos personagens que cresci assistindo o desenho na TV era inimaginável até então.
A direção não poderia ser mais acertada: Brian Singer era um grande fã dos quadrinhos e encarou o projeto com a seriedade que precisava: como não havia filmes como esse pro cinema, ele tratou de trazer o universo x-men para um mundo mais próximo do real: os uniformes coloridos deram lugar a vestimentas pretas, dando um tom de ficção científica para o filme.
Corta para 2023: uma invasão de filmes de super heróis, misturados com séries de TV que condicionam o entendimento de um ou de outro se você obrigatoriamente assistir nos dois players. Todo o ar de ficção científica se desfez e o que vemos são filmes com uma fórmula que cansou: super-heróis engraçadinhos, com piadas bobinhas a todo momento, vilões inexpressivos e sem motivo palpável pra fazer o que fazem e um público que começa a perder o entendimento do que é ser um super-herói.
E isso se reflete nas bilheterias (e crítica): o mais recente filme do universo cinematográfico da Marvel já está sendo apontado como o maior fracasso desde que essa leva de filmes começou há anos atrás. De Isabela Boskov a críticos internacionais, ninguém consegue entender como um filme foi tão negligenciado, mal pensado e totalmente esquecível.
Me faz pensar que as pessoas cansaram da fórmula, que querem filmes de pessoas reais, com problemas reais e com heróis do cotidiano, pais de família lutando pra criar seus filhos, jovens enfrentando pra ser alguém na vida, ou seja: filmes pés no chão, sem se apoiar no efeito especial pra poder contar uma história, focado exclusivamente num bom roteiro e bons atores.
Focados em realmente contar uma história edificante.
E o que isso tem a ver com criação de conteúdo?
Não sei vocês, mas eu tô de saco cheio de perfil que só publica “dicas infalíveis”, hacks, técnicas ultra exclusivas, eu quero ver gente no Instagram e isso eu falo do pacote inteiro: conteúdo técnico, mas também vida pessoal, erros, aprendizados. Eu não quero ver a Capitã Marvel, totalmente invencível e inacabável, eu tô mais pra Elizeu, um menino do interior do Pará que tem mudado a vida de centenas de pessoas simplesmente contando a história delas nas redes sociais.
Seria pedir muito?